Não podemos no furtar de comentar sobre a logomarca do blog: foi desenvolvida pela designer carioca Sheyla Mirani (Portfólio), cujo contato se encontra em seu site! Trabalho bastante profissional e pontual, só nos deu alegrias!
Desde que vi esse blog, apaixonada pela ideia, decidi que meu primeiro post seria para essa cantora maravilhosa, cuja entrada na minha vida musical se deu de uma forma muito inusitada: cliquei em uma fotografia por conta das cores e luzes, me deparei com uma voz encantadora. Um contato praticamente sinestésico.
Hindi Zahra é marroquina, mas radicada na França, uma mistura, no mínimo, exótica, como toda combinação euro-africana. Suas canções passeiam pelas sonoridades do francês, inglês e berbere, um grupo da família lingüística afro-asiática que se divide em cerca de 300 dialetos, que, com sua voz forte e sensual produzem uma cadência jamais sentida nesse universo que os gringos chamam de world music, pela mistura da qual emerge.
Essa tal fotografia, cuja dona possui um sorriso e um olhar grande e sedutor me fizeram clicar em busca do que seria Hindi Zahra. Aquela página movediça do facebook então me traria esse som, que produz o belo efeito de fazer qualquer um querer fechar os olhos e rodar dançando num bosque em pleno banho de chuva.
Dentre todas essas misturas musicais que preenchem o universo musical desse novo milênio, a Hindi me surpreendeu por trazer os ritmos da África árabe em conexão com jazz e reggae, tudo isso em uma levada musical extasiante e única na sua sublime suavidade.
Por conta de toda dificuldade gerada por essa maluquice de SOPA na internet, o acesso a suas músicas pode ser feito pelo MySpace da moça.
Não é de hoje que a música baiana clama por renovação. Nas últimas duas décadas e meia, aproximadamente, o Estado assiste ao domínio aparentemente inabalável da Axé Music e do Pagode. Há quem goste e não há nenhum problema nisso. Mas com tanto tempo de um quase monopólio, o que era novo e inflamável acabou se tornando monótono. A cena musical foi tomada por um marasmo sem fim.
O nariz-de-cera dramático acima serviu apenas para contextualizar o momento em que surgiu a indicação de hoje. E digo "surgiu" querendo dizer "apareceu para o grande público". Isso porque Magary Lord, nome mais que artístico do soteropolitano Francisco Pereira Chagas, 35 anos, não resolveu ser músico em 2011, quando estorou na capital baiana. Sua carreira começou timidamente em 1994, com a banda Suingue e Sedução, criada para tocar no bairro onde morava, na periferia de Salvador, nos intervalos dos jogos do Brasil na Copa.
Percussionista, ele entrou na Oficina de Investigação Musical do mestre da percussão Bira Reis, no Pelourinho, e se aprofundou em ritmos afro-brasileiros. A trajetória musical passou pelo grupo de samba partido alto "Caldo da Iaiá" e pela "Válvula D'Scape", que peregrinaram por bares e casas de shows de Salvador. Em 2007, ele começou a colocar em prática a mistura que o tornou conhecido e até revolucionário no meio musical da Bahia. Juntou o estilo musical angolano Semba - palavra que significa umbigada em quimbundo, língua de Angola -, o samba do Recôncavo baiano e várias vertentes da Black Music. Estava criado o Black Semba, novo ritmo que figura no primeiro álbum do artista, "Magary Black Semba Bahia", gravado em 2007.
Nessa época, Magary conheceu conheceu o cantor e compositor carioca Seu Jorge, que gravou a música "Pessoal Particular", composta pelos dois, por Peu Meurray e por Leonardo Reis, no DVD "América Brasil". O sucesso estava mais perto e, na Bahia, ganhou forma depois que o cantor Saulo Fernandes, da Banda Eva, gravou "Circulô", de Magary, que virou sucesso no Carnaval de 2011. Foi neste ano que Magary Lord ganhou brilho próprio, começou a fazer shows cada vez mais lotados e participar de apresentações de vários artistas baianos. Músicas como "Joelho" e "Inventando Moda" já estão na boca do povo em Salvador.
Em 2011, ele fincou o pé no meio musical baiano lançando o álbum "Escutando Magary" e gravando um DVD no histórico Teatro Vila Velha, em Salvador. Começou 2012 em grande estilo, como uma das atrações do réveillon do Farol da Barra, que reuniu mais de 500 mil pessoas. No Carnaval deste ano, desfilará em um trio elétrico independente só de Black Semba. O estilo dançante e embevecido nas raízes africanas já rendeu elogios de peso, como o de, ninguém mais, ninguém menos, Caetano Veloso. Esta semana, ele foi a um show de Magary com a apresentadora Regina Casé e o ator Luís Fernando Guimarães e declarou: "Que noite maravilhosa! Curti muito, dancei bastante e estou feliz em ver essa renovação da música baiana conduzida com essa vibração toda. Eu estava curioso pra conhecer o som de Magary". Tá bom, ou quer mais?
Magary Lord canta com a filha Kalinde na gravação do DVD no Teatro Vila Velha:
Conheci Ben L'Oncle Soul pelo Facebook. Ontem. Um amigo de um amigo meu postou o link da apresentação ao vivo de Seven Nation Army. E foi nesse cover que ele ganhou toda a minha atenção. Ao transformar o hino do The White Stripes em um soul digno dos melhores discos da Motown, o cara conquistou meu respeito. Como grande admirador do gênero, fui atrás de mais. E só encontrei coisa boa. É por isso que quero dividir essa descoberta com o maior número de pessoas possível.
Abaixo, o clipe de S.N.A., originalmente lançada em 2003, no álbum Elephant:
E quem é Ben L'Oncle Soul? Na verdade, esse é o nome artístico de Benjamin Duterde, que nasceu em 1984, na França. Nos diz a Wikipedia (e outras fontes um pouco mais confiáveis) que Ben começou uma carreira de cantor profissional em 2004 em um grupo de gospel chamado Touraine Fitiavana. Mas foi só em 2009, quando lançou a já citada versão de Seven Nation Army, que ele ganhou notoriedade. Neste ano, ele assinou com a gravadora Motown France e lançou o primeiro EP, chamado Soul Wash Lesson One, com seis músicas.
O EP traz além versões bastante inusitadas para um artista de soul, como a de Barbie Girl, do Aqua; Say You'll Be There, das Spice Girls; e I Kissed a Girl, de Katy Perry. Todas se tornaram quase irreconhecíveis na voz de Ben e nos arranjos de sua banda. Há ainda Crazy, do Gnarls Barkley, e Sympathique, de Pink Martini, além da já citada e recitada Seven Nation Army.
O primeiro álbum foi lançado em maio de 2010, com 14 músicas, em inglês e francês. Destaque para Soulman - que é bilíngue -, Ain't off to the back e Petite sœur. Também são ótimas as baladas Mon amour, que investe pesado no naipe de metais, Lise e Back for you. Depois de ouvir o CD todo três vezes seguidas, não consegui encontrar uma música ruim nem chata.
O clipe de Soulman, abaixo, investe na estética retrô que caracteriza o cantor:
Na página do cantor no MySpace, ele elenca como suas influências nomes de peso que vão de ícones como Stevie Wonder, Ray Charles, Aretha Franklin, Sam Cooke, Marvin Gaye, Otis Redding e Al Green, a artistas mais contemporâneos como Lauryn Hill, John Legend, Alicia Keys e a diva do new Soul, Amy Winehouse. O naipe das referências não nega, o francês tem bom gosto.
Aqui não haverá preconceito musical de qualquer ordem. Esse blog funcionará como a opção shuffle do seu tocador de música, quando ninguém sabe o que vem a seguir. Nem o estilo, nem o cantor, nem a banda. Nada. Supresas, sempre. A graça está justamente aí.
Aqui tem espaço para o rock seguido do jazz, do pagode, do samba, do axé, do soul, do que rolar. Os mantenedores do blog virão aqui, sempre que houver disponibilidade e alguma descoberta que valha a pena, e apresentarão um artista - novo ou não. Procuraremos fornecer, sempre que possível, um link para o álbum ou para algum trabalho de quem estiver sendo indicado.
Inicialmente, os jornalistas Gustavo Maia (de Salvador/BA) e Rafael Cavalcanti (do Recife/PE) estarão a frente do blog. Com o passar do tempo, o grupo deve aumentar. Aproveitem e coloquem no shuffle.
